Olhos pequenos, boca inchada e vermelha. Consequências de algumas horas de choro. E por mais boba que eu esteja me sentindo agora, eu estou aliviada. Alívio por perceber que eu ainda me importo o suficiente a ponto de chorar e soluçar e meu rosto deformar e eu olhar no espelho e me achar horrível. Eu tinha esquecido que as pessoas conseguiam fazer isso comigo. E foram muitas delas. Eu chorei tudo que estava engasgado, larguei tudo que não tinha futuro, criei coragem pra ficar sozinha (de novo).
Porque no fim das contas, eu estou sempre sozinha. As pessoas me fazem companhia - quando muito - e só. Eu que nunca tive o hábito de caminhar tenho tentado ao máximo não andar de ônibus acreditando que meus passos me ajudarão a colocar os pingos nos meus is. É difícil manter o foco, eu encontro uma dificuldade enorme em discernir as coisas e acabo metendo os pés pelas mãos. Essa sou eu. Eu me engano tão fácil e rapidamente quanto o tempo que o peso na minha consciência leva pra chegar e me deixar. Porque até a culpa me larga.
Eu estou procurando alguém pra culpar. Cansei de culpar a mim, não faz mais efeito. Nem culpar os meus defeitos... Clarice disse que é importante não os deixar. (...)
Acho também que daqui uns anos eu vou ler esse blog e terei dificuldades em me lembrar porque escrevi tudo isso. Por que eu me sentia tão só, tão errada. Onde eu me inspirava para criar todas essas histórias cheias de sofrimento. Daqui uns anos tudo isso será apenas mais uma memória enfiada na gaveta.
Eu vou dormir. Eu já comi, já reclamei, já dramatizei e cansei de esperar. Só me resta dormir e acordar amanhã com os olhos quase escondidos.
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