segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Parar no posto para abastecer e aceitar que o frentista lave o vidro do carro. Uma faixa de sabão, outra faixa de sabão, última faixa de sabão. O vidro que tava sujo agora é só sabão. Ele joga água e o sabão vai embora, e as gotinhas ficam apostando corrida pra ver quem chega no final primeiro. E aí vem a melhor parte. Com o rodinho, ele tira toda a bagunça. Expulsa a água pras laterais, e elas morrem evaporadas porque o carro tá quente. Uma faixa do rodinho, duas, três, acabou. Tá limpo, tá seco. Agora é só sujar de novo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sábado passado, voltando pra casa de comprinhas na beleza da 25, parei no farol. Um homem estava pedindo dinheiro para os carros, e ninguém deu. Ele não tinha os dois braços, usava uma camisa com bolso para quem quisesse colocar as moedinhas. Chegou perto da minha janela, pediu dinheiro, eu disse que não tinha. Eu tinha uma garrafa de água na mão, já na metade, ele olhou e disse: "Você pode me dar um pouco de água? O sol tá tão quente...". Como ele não tinha os braços, eu dei água na boca dele. O farol abriu e eu chorei.

Tanta gente que passa necessidade. Eu passo sede porque tenho preguiça de levantar e dar oito passos até o bebedouro. Eu ando com meu allstar encardido e velho mesmo tendo vários pares de sapatos novos e bonitinhos no armário. Eu acordo de noite com frio e pego mais uma coberta no armário. Eu reclamo de andar no carro de trabalho dos meus pais porque o carro de passeio é mais confortável.

Tanta gente que não tem nada. E eu tenho tudo.