segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mãe

As pessoas sempre me disseram o quanto eu pareço com a minha mãe. E cada dia que passa eu percebo minha mãe cada vez mais em mim.

Ela tá longe de ser a pessoa mais fácil do mundo (muito longe, tipo muito, mesmo) mas no meio de tanta incompreensão existem coisas que a gente é capaz de entender (e nem todo mundo é): nosso amor, nossa cumplicidade, nosso companheirismo. Porque não existe nenhum problema nesse mundo que ela não consiga resolver, e mesmo se demorar, se ela disser que vai ficar tudo bem, eu acredito, eu confio. Se eu tenho alguma angustia, alguma tristeza, passa só de contar pra ela.

Minha mãe tem poder de cura. Minha mãe me conhece mais do que eu mesma. Minha mãe vê além dos meus olhos, minha mãe enxerga meu coração melhor que um raio x.

Todo dia na nossa vida é um aprendizado. Ela aprendendo a ser mãe, eu aprendendo a ser filha, e sermos pessoas melhores, uma para a outra, e para nós mesmas.

Nem sei o que dizer, porque "eu te amo" não diz nada, perto da imensidão do que eu sinto por ela. Feliz aniversario, feliz 42. Que a gente viva mais 42 anos com esse privilegio de ter um coração fora do corpo.

terça-feira, 25 de setembro de 2012


Eu chorei porque eu te amo mas eu não sei amar. Eu chorei porque eu sempre canso de tudo e tudo sempre cansa de mim. Chorei de cansaço profundo de sempre cansar de tudo e tudo sempre cansar de mim. Chorei de apego ao cheiro do novo e principalmente de melancolia pelo cheiro do velho. E chorei porque tudo envelhece com novos cheiros e a vida nunca volta. Eu chorei de pavor da rotina, de pavor do fim, de pavor de sair da rotina e começar outros fins.
Eu chorei meu medo de submissão, o meu medo de vomitar, o meu medo de me mostrar pra você tanto, tanto, e não ter mais o que mostrar. Eu chorei minha infinidade de coisas e o medo de você não querer abrir os mais de um milhão de baús que existem escondidos na caixa cerrada que eu guardo embaixo do meu peito. Eu chorei meu fim e o medo do meu infinito.
E eu teria chorado cinco anos se você não me dissesse que já era hora de parar. E eu chorei depois cinco anos escondida, porque eu não sei a hora de parar e não quero que ninguém me diga.
(…)
A vida voa na sua cara, esbarra no seu rosto, suja sua vaidade, corrompe suas certezas, e você não pode fazer nada. A não ser lavar o rosto e começar tudo de novo.

Tati Bernardi

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (Fernando Pessoa escreveu, num momento parecido, "hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu"). Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não, porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: "É melhor viver do que ser feliz". Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, eu sei como dói. Mas passa. Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o unico jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

domingo, 5 de agosto de 2012

Eu tenho a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida. Eu tenho alguém que por mim tomaria banho gelado no inverno e deixaria de beber.
Eu tenho alguém exagerado, jogado aos meus pés, que não acredita em Deus e é cético mas crê na maior forca do mundo.
É o amor mais complicado e o mais simples pra mim. E a gente faria tudo outra vez.
Por minha causa, ele acredita em milagres. Um pelo outro, acreditamos em segundas chances. Terceiras. Quartas. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
A gente é responsável por aquilo que cativa e se o resultado não é dos melhores a gente volta atras e tenta de novo.
Porque o amor é ferida que dói e não se sente. Dor que desatina sem doer. Não querer mais que bem querer. Estar preso por vontade e liberdade na vida é ter amor pra se prender.
Não ter nada em comum a não ser a vontade de estar junto como Eduardo e Mônica. É ensinar um ao outro a lidar consigo mesmo como Mônica e Chandler.
E hoje em dia, como é que se diz eu te amo? Como convencer o outro do amor? Continuando. Um dia após o outro.
Por nós, eu aceito a vida como ela é. <3

quinta-feira, 14 de junho de 2012

14 de junho. Vinte e um.
Muita gente me desejou muita coisa hoje. E eu tô aqui pensando no que eu desejo pra mim.

Minha vida mudou muito, de um ano pra cá. Esse meu primeiro aniversário longe de "casa" me deu uma sensação esquisita, de se sentir homesick por um lugar que não é mais home. Minha casa é meu lugar, e a casa dos meus pais é só a casa dos meus pais. Mas senti falta de não ter um abraço deles a meia noite, brincar de fazer cócegas no sofá (todos nós somos muito maduros), de fazer brigadeiro na panela e ir dormir de madrugada.

Mas esse ano minha "virada" foi ao lado do Luiz. Meu marido, minha família.
Nosso cachorro ficou muito doente semana passada e isso nos uniu e nos mostrou que juntos, unidos, conseguimos superar qualquer coisa. Conseguimos consolar um ao outro, dar força quando o outro acha que já perdeu. O Luiz nunca ligou para aniversários. Mas ele faz um big deal nesse dia porque sabe que é importante pra mim. Amor é isso.

Nesse mais um ano de vida, eu desejo mais união. Que eu não me sinta sozinha, desamparada, com o mundo nas costas. Que eu continue sabendo dividir isso com alguém. Que eu me permita não ser tão independente e me doe mais. Que tudo doa menos. Que os momentos difíceis passem rápido, e me ensinem alguma coisa, como foi no último ano. Que eu não me desespere com os problemas, que eu não me sinta num elevador com defeito. Que eu saiba, no fundo, que tudo dará certo. Que eu continue o que comecei, que eu não desista, que eu não tenha tanta preguiça.

Que eu não seja uma dessas pessoas que tem tudo, mas não sabe ser feliz.

domingo, 8 de abril de 2012

Pé quebrado e as coisas simples da vida

Acordei na hora de almoço no domingo, ouvi barulhos no andar debaixo e a curiosidade foi maior que a preguiça. Desci, e quase no fim da escada pisei em falso, torci o pé e cai em cima dele. Lembrando que eu não sou NADA leve. Ok.

Marido me viu caindo e começou a gritar "meu deus do céu" e eu só conseguia pensar "mas ele não é ateu?".

Ok, quebrei o pé, achei graça, recebi visitas, lavaram minha louça, ganhei chocolates e assisti seriados como nunca. Cansei de não fazer nada, reclamei, fiquei de saco cheio de ter companhia na hora de fazer xixi e de tomar banho sentada.


Fiquei entediada, me levaram no cabeleireiro, fiquei meio loira, não gostei muito mas vou continuar assim porque foi caro.



Hoje, finalmente, tenho um pé livre e a rotina volta ao normal. Calculo que vou cansar dela num prazo máximo de 72 horas. Veremos.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Um medo

Eu já tive medo de muita coisa. Medo da minha mãe morrer dormindo, por isso acordava de madrugada e ia no quarto dela ver se ela estava respirando. Medo de barata. Medo de vomitar. Medo do escuro. Medo da minha mãe descobrir que eu aprontei alguma. Medo de não conseguir preparar tudo pro casamento, um monte de medo bobo.

Mas hoje em dia, parando pra pensar, o que me dá medo é ser dependente e incapaz. Medo de sempre depender de alguém para alguma coisa. Operei as orelhas e fiquei um dia no hospital, com minha mãe me levando pra fazer xixi. Péssima sensação, de não poder nem fazer xixi sozinha. Medo de adoecer, de dar trabalho pra quem vive comigo, de não conseguir cuidar nem de mim.

Isso é medo de gente adulta? Cresci e ninguém me contou? Não acho foto pra coisa assim, abstrata. Vai sem.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

valores

Quando você tem um pai policial, aprende desde cedo o que é certo e o que é errado. Quando você tem um pai policial incorruptível, você aprende o que é inadmissível no caráter de alguém (seja polícia ou bandido).

Ter um pai assim me fez crescer com noções de realidade diferentes de outras pessoas, que não têm a mesma sorte. Sim, sorte. Tenho sorte e morro de orgulho de ter um pai militar, honesto, íntegro, do bem. Policiais não são valorizados, e eu não tô falando nem de remuneração. Um policial só recebe as honras que merece quando morre, e se morrer em serviço. Um policial passa a vida inteira colocando a vida dos outros acima da própria. Sai de casa, deixando família, sem saber se vai voltar. Corre perigo como policial e como civil, o tempo todo.

- Pai, você não tem medo de algo de ruim te acontecer? - vivo perguntando.
- Não. Quando a gente é do bem, coisas ruins não nos acontecem. - ele sempre responde.

Meu pai me ensinou, sendo apenas o que ele é, o quanto vale a pena a gente ser certo e do bem. E uma coisa que ele sempre diz: os ruins são a minoria. Bem comercial de coca-cola, porque meu pai é assim. Do bem.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

profissão


Há uns 10 anos eu ganhei um livro (novidade) de presente de Natal. Um livro sobre intercâmbio, que eu não lembro o nome, mas que contava a experiência do cara que fez o high school nos EUA. Achei interessante e fiquei com a idéia na cabeça. Mãe, quero fazer intercâmbio. Mas esse era o tipo de coisa que a gente pensava que só gente rica fazia, e né, não éramos ricos. Passou. 

Alguns anos depois, a Experimento colocou uma propaganda no mural da escola que estudávamos (eu, inglês e minha irmã espanhol) e entramos em contato. Era acessível, apertando um pouquinho de cada lado dava pra fazer. Ficou decidido que minha irmã ia primeiro, pra Espanha, porque ela era mais velha (¬¬). Ela foi em 2008 e em 2009 chegou minha vez, eba. 

A questão é que eu gostei tanto do processo todo, antes e durante, que voltei querendo trabalhar com isso. Não que eu não gostasse das aulas, eu adorava as aulas, os alunos, aprender com eles e eles comigo. Mas fazer parte, ajudar alguém a realizar o sonho do intercâmbio é lindo. Às vezes enche o saco, porque as pessoas insistem em me perguntar se podem levar feijão cozido na mala, mas eu realmente gosto muito de ser a intermediadora desse processo, dessa experiência surreal na vida de um monte de gente. 

Consegui um emprego numa agência de intercâmbios e estou aqui há dois anos. Às vezes sinto saudadinha das aulas, mas quem sabe um dia eu consigo conciliar os dois.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

faculdade


Terminei o ensino médio e aquela sensação de não ser possível fazer a rematrícula para um quarto ano é bem estranha. Eu já dava aulas de inglês, me dava bem nas matérias de Português, Redação e Literatura e lia tudo que eu via pela frente. No automático, prestei pra Letras.

A decepção foi quase imediata. Ninguém tinha me contado que a faculdade era uma revisão do ensino médio. Talvez porque eu tenha feito um colégio puxado, a faculdade não me trouxe nenhuma novidade. As aulas de gramática eram uma tortura. Aprender a fazer análise sintática na faculdade, como assim? Essas coisas não deveriam ser pré-requisito?

Eliminei todas as matérias de língua inglesa e aguentei três anos de aulas de gramática e literatura repetidas. A faculdade era barata, perto de casa, só mais um semestre, e assim foi até terminar. Só não larguei o curso na metade porque não tinha idéia do que eu queria fazer. Nada chamava minha atenção, e largar um curso porque é um tédio e ficar sem fazer nada meio que dá no mesmo.

Sobrevivi, estou formada, e daqui uns anos eu penso em mais alguma coisa pra estudar. Por enquanto eu quero é ler romances de banca de jornal.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Meu ensino fundamental


Ensino fundamental me lembra o Cavlac, colégio que eu estudei da primeira à sétima série. Lembro do primeiro dia que eu entrei lá, para fazer uma "provinha". Várias crianças do meu tamanho fazendo a mesma prova, alguns eu já conhecia da escolinha e outros eu olhava com curiosidade. Fui a primeira da sala a terminar a prova e me achei A inteligente, mas aí descobri que foi porque esqueci de fazer um exercício enorme de separação de sílabas (¬¬).

O colégio era pequeno, de bairro, então todo mundo acaba conhecendo todo mundo, em algum momento. E para piorar, minha mãe fazia o transporte escolar para essa escola, então todo mundo sabia que eu era irmã da Lê e filha da Adriana. Meu sonho era ir pra escola sozinha, e não sendo carregada pela minha mãe. Até que lá pela quinta série ela achou que eu e minha irmã poderíamos voltar sozinhas, a pé, e eu fiquei feliz só na primeira semana.

Nessa época a gente descobre tanta coisa e aprende tanta coisa, inclusive coisa errada. Lembro quando descobrimos sobre sexo (eu, o fábio e a maria alice) e trocávamos informações completamente sem sentido sobre o assunto. Coitadinhos. Foi na biblioteca do colégio que eu dei meu primeiro beijo na boca, foi durante o intervalo das aulas que eu esperava ver o menino bonitinho do ensino médio e dar risadinhas. Enfim, essas bobagens.

Foram anos bons, mais ou menos. Sempre fui boa aluna, mas nunca gostei de estudar. No início eu não perdia nenhuma aula. Minha mãe pedia pra eu faltar para irmos viajar, ou porque estava muito frio, ou muito calor, ou porque simplesmente era sexta-feira, e eu ficava revoltada. Alguns anos depois eu já estava cabulando aula pra ficar na biblioteca, lendo livros aleatórios ou ouvindo música.

Ainda bem que acabou. Porque olha, aquele uniforme verde não valorizava muito. Ainda bem que eu não tenho uma foto disso.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

foto antiga de família


Essa é a foto mais tradicional da minha família e a que nos representa melhor.
Eu devia ter uns quatro e minha irmã uns cinco anos. Meus pais com uns 22, 23, parecem adolescentes até hoje. Sempre com a latinha na mão, festejando, brincando, rindo, com nós duas a tiracolo. Eles viviam (e acho que vivem até hoje), se beijando por aí. A gente vive perguntando: "vocês se conheceram agora?". Porque eles são muito apaixonados. Dois adolescentes que engravidaram sem querer, casaram com o barrigão e dois meses depois do nascimento da primeira, a segunda já tava na barriga. É uma loucura pra quem não planejou nada e não tinha um gato pra puxar pelo rabo.

Os primeiros anos foram os mais difíceis, mas eles se esforçaram tanto e trabalharam tanto que quando eu e minha irmã começamos a ter noção das coisas, tínhamos uma vida confortável. Sempre viajamos, sempre tivemos festinhas de aniversário, sempre comemoramos cada coisinha boba com alegria e cerveja.

Meu pai é a melhor pessoa do mundo. Ele é muito bom. Abre mão de qualquer coisa por nós, está sempre alegre, acorda todos os dias de bom humor, não se estressa no trânsito, é extremamente carinhoso e engraçado. E embora tenha dito a vida toda que se não nos comportássemos, tomaríamos banho gelado e choque, é difícil de acreditar quando ele fala com aquela voz de "eu te amo muito".
Muito do que somos, hoje, devemos a ele. Ele tem um emprego sério e perigoso, e é impressionante como ele consegue separar bem as coisas. Perto dele, eu não tenho medo de absolutamente nada.

Minha mãe é incrível. Sério. Não dá pra acreditar nas coisas que essa mulher fala, pensa e faz. Ela é muito rápida, muito inteligente. De um olhar ela já percebe tudo que tem de errado. Ela é super protetora, embora não demonstre muito. Ela é guerreira. Faz de tudo por nós. Cuida de nós três, administra o dinheiro da casa toda, dá os melhores conselhos. A gente fala que ela é intrometida, mas não saberíamos o que fazer sem a opinião dela. Quando eu não sei o que fazer, nunca desespero. É só ligar pra ela.

Sobre a Letícia, não tenho palavras. Minha irmã. Um pedacinho do meu pai e da minha mãe. Tem como não amar mais que qualquer coisa na vida?

O mais importante de tudo, somos extremamente unidos. Nós quatro, somos uma coisa só. Independente de qualquer coisa, somos amigos, conversamos sobre tudo, damos muito risada, tiramos sarro um do outro, cuidamos uns dos outros. Amo fazer parte dessa família e tenho muito orgulho por tê-los tão meus e comigo. <3

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

alguém que marcou a sua vida

Eu tive uma aluna, a Camila. Ela tinha 20 anos, trabalhava, namorava, tinha um irmãozinho de seis que fazia aula no mesmo horário que ela, pra eles irem e voltarem juntos.
Ela tinha uma dificuldade grande para aprender inglês, mas era a mais esforçada, e nunca se deixava abater por ser a última da turma e conseguir compreender algo ou pronunciar alguma coisa. Ela estava sempre sorrindo. Sempre.

Ela fazia faculdade e no meio do nosso semestre, conseguiu um estágio maravilhoso. Chegou super animada, dizendo que agora conseguia ganhar o suficiente pra pagar a faculdade e pra planejar o casamento. Conseguiu o estágio por causa do pouco inglês que tinha aprendido naqueles meses, e me agradeceu até não poder mais. No nosso intervalo, íamos na lojinha do lado comer brigadeiro, a turma toda.

Ela era muito alto astral. Animava todo mundo que chegava dormindo ou de ressaca (inclusive a professora aqui) no sábado de manhã. Ela era, por mais irônico que isso pareça agora, cheia de vida. Cheia de alegria, de vontade de viver mesmo. Dava pra sentir. Até que um dia ela não apareceu mais. Foi viajar e morreu num acidente de carro, na Tamoios. Ela, o namorado e a cunhada, que estavam no mesmo carro, morreram na hora. Um caminhão vinha na direção deles, o carro da frente, onde estavam os pais dela, conseguiu desviar, e acertou o carro deles em cheio. E fim.

A Camila me marcou não só por ser uma pessoa muito nova, cheia de planos, que teve a vida interrompida. Mas porque só aí eu me dei conta de como, de repente, tudo pode mudar.

Não tenho uma foto dela. Deixo aqui o link da notícia da morte, infelizmente.

http://portaldecaragua.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1815&Itemid=80

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

saudade


Não sei como é possível alguém sentir falta de ter um cabelo desse. Viva a escova progressiva. Mas do que eu sinto falta, na verdade, era andar grudada na minha irmã como se a gente fosse siamesa. Usávamos o mesmo cabelo, as roupas eram iguais, e eu era como uma sombra dela. Alguns centímetros menor, eu via tudo que ela fazia pra fazer igual. Só quando a gente comia sobremesa, que eu devorava a minha em trinta segundos (sempre gulosa) e ela comia devargaaaarzinho, como se não houvesse amanhã. E eu olhando, babando, com cara de quero mais e ela com cara de quem mandou ser gulosa?


Eu nasci duas semanas antes da minha irmã fazer um ano. Quando você tem um irmão que faz aniversário no mesmo mês que você, e seus pais não têm dinheiro sobrando, a festa de aniversário vai ser uma só. E é muito menos desconfortável quando começam a cantar parabéns e você não é a única passando vergonha.
Além das roupas serem as mesmas, os presentes também eram os mesmos. Mas eu achava o máximo.

Sinto saudade de quando a gente tava junta o tempo todo. Usando a mesma roupa, indo pra escola, pro karatê, pra natação, pro clube, pra baladinha matinê, pro cinema. Saudade de quando a nossa vida era a mesma, quando a gente ouvia o carro da minha mãe virando a esquina e arrumava a casa em treze segundos. De quando a gente assistia Lagoa Azul na sessão da tarde, queimava brigadeiro na panela, dividia o tempo na internet discada.

Agora eu sou casada e vejo minha irmã aos fins de semana. Pois é.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

momento preferido da História

Eu nasci em 1991. Não é como se eu tivesse presenciado mil momentos históricos importantes e emocionantes e etc. Lembro da copa do mundo de 2002, que aconteceu na Coréia e os jogos eram em horários bizarros, tipo três da manhã. Minha família se reunia na casa da vó pra comer pipoca, tomar café preto e ver o jogo, e nos intervalos a gente discava números aleatórios, as pessoas atendiam com voz de sono e a gente perguntava: "Cara, você não dá vendo o jogo? Que falta de patriotismo!". Na época a gente achava engraçado.

Felizmente, não tenho uma foto desse momento pra compartilhar, porque olha. Eu tinha acabado de completar 11 anos e meu cabelo parecia uma couve-flor.

***

Nem sei se posso considerar isso um momento histórico, mas como já disse aqui, essa cirurgia mudou minha vida.

antes

depois
Essa cirurgia corrigiu muito do que tava errado comigo. Agora só falta perder mil quilos pra olhar no espelho e ficar feliz. E operar as vistas, que a miopia já encheu saco. E consertar a falha que eu tenho na franja. E nunca mais ter cravos. E ter as coxas menos gordas. E ah, deixa pra lá.

***

O intercâmbio me fez muito feliz. Foi um sonho que eu realizei, uma coisa que eu planejei durante muito tempo e deu tudo certo. Amei tudo, aproveitei tudo e sempre lembro de cada dia que passei lá, revejo as fotos, leio a minha agenda de viagem, porque é muito fácil, no meio de tanta coisa acontecendo hoje, esquecer o que passou. Principalmente quando é bom, muito bom.


E, como eu sou uma pessoa muito bacana e coisas maravilhosas acontecem comigo, coincidentemente (juro), fui a Londres no mês que aconteceu a premiere do sexto filme do Harry Potter. 


Faltei na aula e fiquei umas sete horas ali, em pé, esperando. E até aí tudo bem, até que começou a chover. E depois começou a chover granizo. E eu passei um friozão! Mas valeu a pena. Adorei ver todos, ouvir as entrevistas, vi o quanto "o harry" é baixinho e o quanto "o dumbledore" é novo! E aquela musiquinha começa a tocar e dá um friozinho na barriga de quem gosta e acompanha desde o primeiro. Uma semana depois, fui ao mesmo cinema da premiere e assisti, sozinha, a estréia. Chorei, ri e sai do cinema feliz.