Entwined, you and I
Our souls speak from across the miles
Intertwined, you and I
Our blood flows from the same inside
Half of me, breathes in you
Thoughts of love remain true
Não somos gêmeas por pouco, mas quando éramos pequenas minha mãe nos vestia com roupas iguais. Até 11 anos dividimos o mesmo quarto, e eu fazia uma linha dividindo a minha parte da dela, porque ela era muito bagunceira. Acordávamos cedo e assistíamos o desenho do dinossauro que eu não sei o nome, mas deve ser Dino (dã). No banco de trás do carro, disputávamos o meio, para ficar com a cabeça no meio dos nossos pais.
Quando ela foi para a primeira série, e eu fazia todas as lições de casa dela estando no pré, não gostei muito da mudança, dela ter um uniforme diferente do meu, amigos que eu não conhecia, material escolar mais bonito, uma mochila de carrinho de gente grande verde e a minha de criança, rosa, da minnie.
Ela segurava minha mão quando nossos pais brigavam e falava pra eu não ligar, que ia ficar tudo bem. Eu não acreditava e ela falava pra eu parar de ser boba. Quando me chamavam pra fazer alguma coisa, ir no cinema, dormir na casa da vó, eu sempre olhava pra ela, pra ver se ela iria também. Passamos alguns dias na casa de parentes no interior e ela ia pra minha cama ficar comigo, porque eu estava com saudade da mãe e do pai.
Quando eu mudei pro outro quarto, ela não gostava que eu entrasse no dela e muito menos sentasse na cama. E eu implorava pra ela ficar comigo no meu. Não disputávamos mais o lugar no banco do carro, disputávamos o tempo na internet, que só usávamos no fim de semana, conexão discada.
Ela mudou de escola quando foi para o ensino médio, e eu ainda na oitava série iria continuar onde estudávamos. Dois dias antes das aulas começarem, mudei de idéia. Quis ir junto com ela e esses três anos devem ter sido os nossos melhores. Íamos de ônibus dando risada dos outros todos os dias, o bom humor dela contaminando minha rabugice. Guardávamos os segredos uma da outra, nos ajudávamos, éramos amigas.
Ela terminou o colégio e eu tive que lidar com as viagens de ônibus sozinha, calada, rabugenta. Ela passou um mês fora, voltou, entrou na faculdade, começou a dirigir e me levar para todos os lugares. De repente, a vida dela mudou e ela decidiu passar um ano fora. Embarcaria agora no início do ano e só voltaria pro meu casamento, em dezembro.
Um dia, indo pro trabalho, ela disse que aqueles eram os últimos dias que morávamos juntas, pois quando ela voltasse eu já ia me mudar para minha casa nova, e começou a chorar parada no trânsito. Fingi que não era comigo e fui levando.
Eu segurei o choro até os 45 do segundo tempo, pedi pra ela não esquecer de tudo que nossos pais nos ensinaram a vida toda, pra ela lembrar o por que de ter ido quando as coisas ficassem difíceis. E aí, minha irmã, um pedação de mim, embarcou. Sei que passa rápido, que nos falamos todos os dias, mas não é a mesma coisa, nunca mais vai ser. Os dias em que ela comia a sobremesa em câmera lenta enquanto eu devorava a minha em segundos e morria de inveja dela não voltam mais.
Nem preciso dizer que te amo.