Saí do hospital e fui em direção ao metrô Brigadeiro, para encarar minhas duas baldeações e trilhões de estações até chegar até você. No caminho, passei por muitas mesas de bar na calçada da Paulista, gente falando alto, tomando cerveja, tocando violão.
Uma moça me chamou atenção por falar mais alto que os demais, com um copo de cerveja na mão, uma roupa um número menor do que o adequado e saltos muito altos. A impressão que tive foi que ela ficou horas se arrumando para estar ali, e dava pra sentir a insegurança dela de longe. Mesmo rodeada de outras pessoas, ela parecia muito sozinha.
Aí me lembrei de quando eu era assim. Nunca usei roupas menores do que deveria, mas vivia na rua, com um copo de cerveja na mão só para ter algo pra fazer. Saia de casa sem saber para onde ir, e a que horas voltaria. Fumava um cigarro pro tempo passar, mesmo não gostando do cheiro. Ia dormir o mais tarde possível, só para passar o dia seguinte dormindo e matar mais tempo. Ficar acordada a noite era muito mais suportável do que durante o dia.
O metrô me avisou que cheguei na estação que combinamos de nos encontrar. Entro no nosso carro, te abraço e te beijo, tiro os sapatos e fecho os olhos. Vamos para casa, vou colocar seu moletom que peguei pra mim na primeira semana do namoro, e vamos fazer o que fazemos de melhor: ser só nós dois.
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