Sábado passado, voltando pra casa de comprinhas na beleza da 25, parei no farol. Um homem estava pedindo dinheiro para os carros, e ninguém deu. Ele não tinha os dois braços, usava uma camisa com bolso para quem quisesse colocar as moedinhas. Chegou perto da minha janela, pediu dinheiro, eu disse que não tinha. Eu tinha uma garrafa de água na mão, já na metade, ele olhou e disse: "Você pode me dar um pouco de água? O sol tá tão quente...". Como ele não tinha os braços, eu dei água na boca dele. O farol abriu e eu chorei.
Tanta gente que passa necessidade. Eu passo sede porque tenho preguiça de levantar e dar oito passos até o bebedouro. Eu ando com meu allstar encardido e velho mesmo tendo vários pares de sapatos novos e bonitinhos no armário. Eu acordo de noite com frio e pego mais uma coberta no armário. Eu reclamo de andar no carro de trabalho dos meus pais porque o carro de passeio é mais confortável.
Tanta gente que não tem nada. E eu tenho tudo.
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