terça-feira, 9 de abril de 2013

sopa de letrinhas

Aquele momento em que tudo acabou. Aquela palavra ou aquele silêncio que colocou tudo a perder. Aquilo vai acontecendo e você se dá conta, talvez porque lê demais, que aquela é a cena que termina um capítulo. Aquela é a cena dolorida, que muda tudo. E você tá calma, talvez por achar que saber que esse é o fim é menos pior que o fim chegar enquanto você tá dormindo. Você não gosta de surpresas, você chora toda vez que leva um susto. 

Você vê tudo desmoronando e não faz nada. Continua parada, respirando, olhando pro nada. Você sabe que tudo vai cair na sua cabeça. Você sabe que precisa fazer algo, falar algo, porque talvez mude as coisas, reverta a situação. Mas seu coração tá quieto, mudo. Parece que não tá ali, foi dar uma volta, espairecer. E quando ele volta, ele não se sente mais em casa. Ele não se encaixa, aquele lugar não parece dele. Tão confortável e tão familiar, chega a doer. 

Tudo é ao mesmo tempo igual e diferente. E essa sensação de estar caindo alterna com a sensação de estar parada enquanto todo mundo segue e uma voz chata, baixinha, no fundo, te diz que você saberia que seria assim, que você estava esperando por isso o tempo todo, e talvez esperar por isso não tenha feito tudo isso realmente acontecer?

Tomei sopa de letrinhas no jantar ontem e a cada colherada eu tentava formar uma palavra. Mas a vida não é assim e tudo que vi foram letras aleatórias.




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