domingo, 8 de abril de 2012

Pé quebrado e as coisas simples da vida

Acordei na hora de almoço no domingo, ouvi barulhos no andar debaixo e a curiosidade foi maior que a preguiça. Desci, e quase no fim da escada pisei em falso, torci o pé e cai em cima dele. Lembrando que eu não sou NADA leve. Ok.

Marido me viu caindo e começou a gritar "meu deus do céu" e eu só conseguia pensar "mas ele não é ateu?".

Ok, quebrei o pé, achei graça, recebi visitas, lavaram minha louça, ganhei chocolates e assisti seriados como nunca. Cansei de não fazer nada, reclamei, fiquei de saco cheio de ter companhia na hora de fazer xixi e de tomar banho sentada.


Fiquei entediada, me levaram no cabeleireiro, fiquei meio loira, não gostei muito mas vou continuar assim porque foi caro.



Hoje, finalmente, tenho um pé livre e a rotina volta ao normal. Calculo que vou cansar dela num prazo máximo de 72 horas. Veremos.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Um medo

Eu já tive medo de muita coisa. Medo da minha mãe morrer dormindo, por isso acordava de madrugada e ia no quarto dela ver se ela estava respirando. Medo de barata. Medo de vomitar. Medo do escuro. Medo da minha mãe descobrir que eu aprontei alguma. Medo de não conseguir preparar tudo pro casamento, um monte de medo bobo.

Mas hoje em dia, parando pra pensar, o que me dá medo é ser dependente e incapaz. Medo de sempre depender de alguém para alguma coisa. Operei as orelhas e fiquei um dia no hospital, com minha mãe me levando pra fazer xixi. Péssima sensação, de não poder nem fazer xixi sozinha. Medo de adoecer, de dar trabalho pra quem vive comigo, de não conseguir cuidar nem de mim.

Isso é medo de gente adulta? Cresci e ninguém me contou? Não acho foto pra coisa assim, abstrata. Vai sem.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

valores

Quando você tem um pai policial, aprende desde cedo o que é certo e o que é errado. Quando você tem um pai policial incorruptível, você aprende o que é inadmissível no caráter de alguém (seja polícia ou bandido).

Ter um pai assim me fez crescer com noções de realidade diferentes de outras pessoas, que não têm a mesma sorte. Sim, sorte. Tenho sorte e morro de orgulho de ter um pai militar, honesto, íntegro, do bem. Policiais não são valorizados, e eu não tô falando nem de remuneração. Um policial só recebe as honras que merece quando morre, e se morrer em serviço. Um policial passa a vida inteira colocando a vida dos outros acima da própria. Sai de casa, deixando família, sem saber se vai voltar. Corre perigo como policial e como civil, o tempo todo.

- Pai, você não tem medo de algo de ruim te acontecer? - vivo perguntando.
- Não. Quando a gente é do bem, coisas ruins não nos acontecem. - ele sempre responde.

Meu pai me ensinou, sendo apenas o que ele é, o quanto vale a pena a gente ser certo e do bem. E uma coisa que ele sempre diz: os ruins são a minoria. Bem comercial de coca-cola, porque meu pai é assim. Do bem.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

profissão


Há uns 10 anos eu ganhei um livro (novidade) de presente de Natal. Um livro sobre intercâmbio, que eu não lembro o nome, mas que contava a experiência do cara que fez o high school nos EUA. Achei interessante e fiquei com a idéia na cabeça. Mãe, quero fazer intercâmbio. Mas esse era o tipo de coisa que a gente pensava que só gente rica fazia, e né, não éramos ricos. Passou. 

Alguns anos depois, a Experimento colocou uma propaganda no mural da escola que estudávamos (eu, inglês e minha irmã espanhol) e entramos em contato. Era acessível, apertando um pouquinho de cada lado dava pra fazer. Ficou decidido que minha irmã ia primeiro, pra Espanha, porque ela era mais velha (¬¬). Ela foi em 2008 e em 2009 chegou minha vez, eba. 

A questão é que eu gostei tanto do processo todo, antes e durante, que voltei querendo trabalhar com isso. Não que eu não gostasse das aulas, eu adorava as aulas, os alunos, aprender com eles e eles comigo. Mas fazer parte, ajudar alguém a realizar o sonho do intercâmbio é lindo. Às vezes enche o saco, porque as pessoas insistem em me perguntar se podem levar feijão cozido na mala, mas eu realmente gosto muito de ser a intermediadora desse processo, dessa experiência surreal na vida de um monte de gente. 

Consegui um emprego numa agência de intercâmbios e estou aqui há dois anos. Às vezes sinto saudadinha das aulas, mas quem sabe um dia eu consigo conciliar os dois.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

faculdade


Terminei o ensino médio e aquela sensação de não ser possível fazer a rematrícula para um quarto ano é bem estranha. Eu já dava aulas de inglês, me dava bem nas matérias de Português, Redação e Literatura e lia tudo que eu via pela frente. No automático, prestei pra Letras.

A decepção foi quase imediata. Ninguém tinha me contado que a faculdade era uma revisão do ensino médio. Talvez porque eu tenha feito um colégio puxado, a faculdade não me trouxe nenhuma novidade. As aulas de gramática eram uma tortura. Aprender a fazer análise sintática na faculdade, como assim? Essas coisas não deveriam ser pré-requisito?

Eliminei todas as matérias de língua inglesa e aguentei três anos de aulas de gramática e literatura repetidas. A faculdade era barata, perto de casa, só mais um semestre, e assim foi até terminar. Só não larguei o curso na metade porque não tinha idéia do que eu queria fazer. Nada chamava minha atenção, e largar um curso porque é um tédio e ficar sem fazer nada meio que dá no mesmo.

Sobrevivi, estou formada, e daqui uns anos eu penso em mais alguma coisa pra estudar. Por enquanto eu quero é ler romances de banca de jornal.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Meu ensino fundamental


Ensino fundamental me lembra o Cavlac, colégio que eu estudei da primeira à sétima série. Lembro do primeiro dia que eu entrei lá, para fazer uma "provinha". Várias crianças do meu tamanho fazendo a mesma prova, alguns eu já conhecia da escolinha e outros eu olhava com curiosidade. Fui a primeira da sala a terminar a prova e me achei A inteligente, mas aí descobri que foi porque esqueci de fazer um exercício enorme de separação de sílabas (¬¬).

O colégio era pequeno, de bairro, então todo mundo acaba conhecendo todo mundo, em algum momento. E para piorar, minha mãe fazia o transporte escolar para essa escola, então todo mundo sabia que eu era irmã da Lê e filha da Adriana. Meu sonho era ir pra escola sozinha, e não sendo carregada pela minha mãe. Até que lá pela quinta série ela achou que eu e minha irmã poderíamos voltar sozinhas, a pé, e eu fiquei feliz só na primeira semana.

Nessa época a gente descobre tanta coisa e aprende tanta coisa, inclusive coisa errada. Lembro quando descobrimos sobre sexo (eu, o fábio e a maria alice) e trocávamos informações completamente sem sentido sobre o assunto. Coitadinhos. Foi na biblioteca do colégio que eu dei meu primeiro beijo na boca, foi durante o intervalo das aulas que eu esperava ver o menino bonitinho do ensino médio e dar risadinhas. Enfim, essas bobagens.

Foram anos bons, mais ou menos. Sempre fui boa aluna, mas nunca gostei de estudar. No início eu não perdia nenhuma aula. Minha mãe pedia pra eu faltar para irmos viajar, ou porque estava muito frio, ou muito calor, ou porque simplesmente era sexta-feira, e eu ficava revoltada. Alguns anos depois eu já estava cabulando aula pra ficar na biblioteca, lendo livros aleatórios ou ouvindo música.

Ainda bem que acabou. Porque olha, aquele uniforme verde não valorizava muito. Ainda bem que eu não tenho uma foto disso.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

foto antiga de família


Essa é a foto mais tradicional da minha família e a que nos representa melhor.
Eu devia ter uns quatro e minha irmã uns cinco anos. Meus pais com uns 22, 23, parecem adolescentes até hoje. Sempre com a latinha na mão, festejando, brincando, rindo, com nós duas a tiracolo. Eles viviam (e acho que vivem até hoje), se beijando por aí. A gente vive perguntando: "vocês se conheceram agora?". Porque eles são muito apaixonados. Dois adolescentes que engravidaram sem querer, casaram com o barrigão e dois meses depois do nascimento da primeira, a segunda já tava na barriga. É uma loucura pra quem não planejou nada e não tinha um gato pra puxar pelo rabo.

Os primeiros anos foram os mais difíceis, mas eles se esforçaram tanto e trabalharam tanto que quando eu e minha irmã começamos a ter noção das coisas, tínhamos uma vida confortável. Sempre viajamos, sempre tivemos festinhas de aniversário, sempre comemoramos cada coisinha boba com alegria e cerveja.

Meu pai é a melhor pessoa do mundo. Ele é muito bom. Abre mão de qualquer coisa por nós, está sempre alegre, acorda todos os dias de bom humor, não se estressa no trânsito, é extremamente carinhoso e engraçado. E embora tenha dito a vida toda que se não nos comportássemos, tomaríamos banho gelado e choque, é difícil de acreditar quando ele fala com aquela voz de "eu te amo muito".
Muito do que somos, hoje, devemos a ele. Ele tem um emprego sério e perigoso, e é impressionante como ele consegue separar bem as coisas. Perto dele, eu não tenho medo de absolutamente nada.

Minha mãe é incrível. Sério. Não dá pra acreditar nas coisas que essa mulher fala, pensa e faz. Ela é muito rápida, muito inteligente. De um olhar ela já percebe tudo que tem de errado. Ela é super protetora, embora não demonstre muito. Ela é guerreira. Faz de tudo por nós. Cuida de nós três, administra o dinheiro da casa toda, dá os melhores conselhos. A gente fala que ela é intrometida, mas não saberíamos o que fazer sem a opinião dela. Quando eu não sei o que fazer, nunca desespero. É só ligar pra ela.

Sobre a Letícia, não tenho palavras. Minha irmã. Um pedacinho do meu pai e da minha mãe. Tem como não amar mais que qualquer coisa na vida?

O mais importante de tudo, somos extremamente unidos. Nós quatro, somos uma coisa só. Independente de qualquer coisa, somos amigos, conversamos sobre tudo, damos muito risada, tiramos sarro um do outro, cuidamos uns dos outros. Amo fazer parte dessa família e tenho muito orgulho por tê-los tão meus e comigo. <3