domingo, 18 de setembro de 2011

Sete. Soneca. Sete e dez. Abre o olho, Aline. Sete e quinze. Sete e vinte. Agora é sério. Sete e meia. Abriu. Blur. Amor no nextel. Xixi. Piso gelado. Careta. Lentes de contato. Banho. Secador. Internet. Remédios. Nescau com leite gelado. Bisnaguinha. Ônibus. Livro. Amor no nextel. Faculdade. Tédio. Tédio. Tédio. Ônibus. Metrô. Amor no nextel. Comidinha. Trabalho. E-mails. Telefone. Internet. Amor no nextel. Comidinhas. E-mails. Trabalho. Telefone. Internet. Amor no nextel. Metrô. Trem. Amor esperando no carro. Risada. Beijo. Abraço. Amor. Casa. Pai. Mãe. Internet. Comidinha. Internet. Seriado. Amor no nextel. Remédios. Lentes de contato. Blur. Cama. Amor no nextel. Fim.

sábado, 17 de setembro de 2011

ex-dumbo

Nunca gostei das minhas orelhas. E também não era como se eu tivesse cabelos lisos e compridos e sedosos e brilhantes para escondê-las. Pelo menos não até eu descobrir a escova progressiva e gastar um bom dinheiro com isso. Gastar o dinheiro dos meus pais, que fique bem claro. Porque quando você decide casar, você tem que se conformar que não terá dinheiro para esses detalhes por um bom tempo.

Aí, sei lá como, decidi operar as orelhas. Todo mundo disse: "Imagina, suas orelhas não têm nada de diferente" e a médica disse: "Podemos melhorar MUITO isso daí". Perdi as guias dos exames, decidi não operar mais, mudei de idéia, busquei novos exames, fiz, tudo OK, cirurgia marcada. 14 de setembro.

Internei, coloquei aquele avental que te deixa com a bunda de fora e aquela touquinha transparente, deitei na maca e perdi a dignidadade, porque né. Perguntei se eu não podia ir andando, de moletom e tal, porque afinal de contas, era só a orelha, mas não. Ok. Quiseram me dar anestesia geral. O combinado tinha sido local, aí falei pra médica: "Olha, minha mãe não vai deixar não". Lá foi ela achar minha mãe pra pedir o consentimento. Descobri que anestesia geral faz você sentir como se tivesse dormido uma semana inteira. Super descansei. Adorei.

Acordei da anestesia quase três horas depois e consegui fazer duas perguntas pro enfermeiro mais próximo: "Quando é que eu vou poder comer?" e "Me leva pra minha mãe?". Ele nem me deu atenção e eu cochilei mais umas dez vezes. O enfermeiro que me levou pro quarto perguntou se eu tava com dor, eu disse que não, e ele disse que quando ele mesmo passou por essa cirurgia, quase morreu de dor. Nem fiquei apavorada, imagina. Até mesmo porque eu só pensava em comer.

Depois de comer várias torradas e tomar dois toddynhos, dormi mais um monte. Não senti dor nenhuma. E hoje, quatro dias depois, estou surpresa com a ausência de dor. É ruim pra dormir, porque eu só sei dormir de lado e não pode, as orelhas ardem um pouco e ficam quentes por ficar debaixo da faixa o tempo todo. Elas estão roxas e inchadas, mas estão lindinhas. :)

Sem contar que tá todo mundo me mimando e fazendo tudo pra mim. Eu só preciso ver se páro de comer, porque não vai adiantar muito deixar de ter orelhinhas de dumbo e continuar parecendo uma elefantinha.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Lucy is getting married

"Eu tinha vergonha de me sentir assim. As pessoas achavam que não existia essa história de depressão, e tudo era apenas um conceito vago e neurótico. A versão atualizada da pessoa que "sofre dos nervos", que todo mundo considerava como "uma pessoa que sente pena de si mesma, sem motivos". Ou achavam que eu estava simplesmente de frescura, entregando-me a alguma ansiedade adolescente que já passara totalmente da data de validade. E que tudo o que eu tinha que fazer era simplesmente "me controlar", "sair fora dessa" e "levar a vida na esportiva".

Eu conseguia entender essa atitude, porque todo mundo fica deprimido de vez em quando. Faz parte da vida, faz parte do pacote, dias ensolarados e outros com dor de ouvido. (...) Coisas desagradáveis aconteciam com as pessoas: relacionamentos eram rompidos, empregos eram perdidos, os aparelhos de televisão enguiçavam dois dias depois de acabar a garantia e assim por diante. E as pessoas se sentiam péssimas a respeito dessas coisas."


- Marian Keyes

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tudo bem.

Nunca achei que "proposing" faz muito sentido. Casamento não é uma coisa que um pede e o outro aceita. Casamento é decisão. É decidir se você quer um amor, um amigo, um amante, um roomate, tudo em uma pessoa só. É dividr o bolso, o abraço, a conta no banco. É ter alguém que entende como você se sente, alguém que te estenda a mão sem pedir nada em troca.

É viver com alguém que te liga quando vê uma coisa engraçada e quer rir junto com você. É compartilhar. Compartilhar a ansiedade, o nervosismo, as novidades, as mudanças, as tristezas, as angustias. É decidir se você quer ver o reflexo daquele rosto envelhecendo no espelho do banheiro enquanto dividem a pia para escovar os dentes. É querer cuidar, proteger, tomar as dores, poupar.

É permitir. É permitir que o outro te conheça como só você se conhece. É acordar descabelada, com o travesseiro babado e o outro achar bonitinho, que bom que você dormiu bem. É o outro precisar de um remédio e você ir até a cozinha buscar água sem preguiça, mesmo sabendo que se fosse para si mesmo não iria.

É compreender, entender, relevar. Relevar a resposta atravessada, o estresse, o cansaço, o desânimo. É respeitar que cada um é um e os dois não são um só. Entender que a vontade de um pode não ser a do outro, e tudo bem. Tudo bem se eu quiser ler e você jogar video game, se eu quiser assistir Friends e você futebol, se você quiser comer macarrão e eu pizza, se você quiser ouvir Metallica e eu The Killers. Tudo bem se você torce para a Itália e eu pro Brasil, se você gosta dos cachorros dentro de casa e eu prefira eles lá fora, se você passa o dia no mar e eu na sombra, se você quer o piso verde e eu quero o azul.

Tudo bem porque você me ama e eu te amo também. E eu não sei quando, mas tenho certeza que foi bem antes de colocarmos a aliança dourada, nós decidimos que casar era a única solução pra tanto amor.

"Eles não se entendiam, raramente concordavam em algo. Brigavam sempre. E se desafiavam todos os dias. Mas, apesar das diferenças, tinham algo importante em comum: eram loucos um pelo outro."

(Diário de uma paixão)

domingo, 31 de julho de 2011

Lembra?

De quando a gente dividia a pia pra escovar os dentes, de quando a mãe não deixava a gente atravessar a avenida, quando a gente ficava de castigo e não podia ver tv, quando a gente dividia o mesmo quarto e rezávamos juntas antes de dormir, quando a gente ia na padaria e o cigarro custava só R$1,85, de quando a gente ia viajar sem o pai e a mãe e você dormia na cama comigo porque eu chorava, de quando a gente brigava e se arranhava, de quando a gente descia a escada com o colchão, de quando você raspou um pedacinho da minha cabeça com a panasonic, de quando eu fui passar um short seu e queimei, de quando queimamos o brigadeiro e escondemos a panela pra mãe não brigar, e de quando ela achou a panela e não brigou, de quando a gente ouvia o carro da mãe virando a esquina e arrumava a bagunça em cinco segundos, de quando era o meu dia de tomar banho primeiro e eu nunca levantava, de quando a gente ficava assistindo sessão da tarde no sofá, de quando você terminou a escola e eu tive que ficar mais um ano indo pra lá sozinha, de quando eu achava que os seus amigos eram meus também, de quando você começou a faculdade e nossos horários não batiam e a gente nunca se via, de quando você fazia estágio e me deixava no metrô e eu ia dormindo, de quando você decidiu passar esse ano na Irlanda. Lembra?

domingo, 17 de julho de 2011

The end of an era

Lembro da primeira vez que ouvi falar em Harry Potter. Estava no Extra, "ajudando" minha mãe a fazer compras e vi o livro "Harry Potter e a Câmara Secreta". Li a capa, gostei, mãe compra pra mim? Não, hoje não. Ok.

Aí apareceu o primeiro filme. Fui ao cinema e saí de lá cantando "Grifinória, grifinória!!!". Dos livros, lembro apenas a partir do quarto. Peguei emprestado, devorei em três dias, e percebi que a coisa estava ficando mais séria. No quinto livro enchi o saco da minha mãe até ela não aguentar mais, compramos no dia que saiu nas livrarias. A Nobel cobrou o livro duas vezes, mas o que é que tem, vale a pena. Li em três dias e chorei, senti a perda do Sirius.

No sexto livro não aguentei esperar e li pela internet. Li a morte de Dumbledore quando a família toda tava no carro só me esperando pra irmos viajar. Chorei muito mais.

E ontem, o último filme. 10 anos acompanhando uma história que começou bobinha, para crianças, e terminou extraordinária. Não encontrei nenhuma falha na história até hoje. Fico triste por ter acabado, por saber que ao fim do filme ontem não teria mais nada inédito pra ver. Mas me sinto feliz por ter tido a companhia deles nesses 10 anos. No ônibus, no metrô, na cama antes de dormir.

Agora é só guardar o box com todos os filmes e livros e esperar pra mostrar tudo pra filha que eu vou ter um dia.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

my valentine

Eu te amo quando você acorda as 4 da manhã porque não consegue mais respirar e me pergunta por que é que o galo canta de olho fechado. Te amo quando você fala pra pessoa do caixa do supermercado que eu torro todo o seu dinheiro. Te amo quando você fala pro vendedor do duty free que todas as bebidas que a gente compra é pra sustentar meu vício. Te amo quando vejo você falando em uma língua estrangeira com os gringos tão perfeitamente. Te amo quando você me explica as coisas que eu não entendo, e explica de novo porque eu continuo sem entender. Te amo quando você bagunça meu cabelo, me olha de cara feia, fica sem paciência. Te amo quando você se preocupa com coisas desnecessárias. Te amo quando você faz pouco caso das minhas preocupações com provas. Te amo quando você finge que não tá nem aí pra festa do casamento. Te amo quando você fala que o Pirata é a pessoa mais importante da sua vida. Te amo quando você tá mal humorado e quando você não quer muita conversa. Te amo quando você dorme. Te amo quando você tá com dor e tenho vontade de pegar ela pra mim, pra te poupar.

A gente esqueceu que ontem era dia dos namorados, mas isso é tão pouco perto do que a gente realmente é...