Saí do hospital e fui em direção ao metrô Brigadeiro, para encarar minhas duas baldeações e trilhões de estações até chegar até você. No caminho, passei por muitas mesas de bar na calçada da Paulista, gente falando alto, tomando cerveja, tocando violão.
Uma moça me chamou atenção por falar mais alto que os demais, com um copo de cerveja na mão, uma roupa um número menor do que o adequado e saltos muito altos. A impressão que tive foi que ela ficou horas se arrumando para estar ali, e dava pra sentir a insegurança dela de longe. Mesmo rodeada de outras pessoas, ela parecia muito sozinha.
Aí me lembrei de quando eu era assim. Nunca usei roupas menores do que deveria, mas vivia na rua, com um copo de cerveja na mão só para ter algo pra fazer. Saia de casa sem saber para onde ir, e a que horas voltaria. Fumava um cigarro pro tempo passar, mesmo não gostando do cheiro. Ia dormir o mais tarde possível, só para passar o dia seguinte dormindo e matar mais tempo. Ficar acordada a noite era muito mais suportável do que durante o dia.
O metrô me avisou que cheguei na estação que combinamos de nos encontrar. Entro no nosso carro, te abraço e te beijo, tiro os sapatos e fecho os olhos. Vamos para casa, vou colocar seu moletom que peguei pra mim na primeira semana do namoro, e vamos fazer o que fazemos de melhor: ser só nós dois.
"A vida voa na sua cara, esbarra no seu rosto, suja sua vaidade, corrompe suas certezas, e você não pode fazer nada. A não ser lavar o rosto e começar tudo de novo." (Tati Bernardi)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Is anybody out there?
Com um impacto brutal, outro carro entrou pela lateral do nosso e seu parachoque cravou seus dentes metálicos no banco traseiro do nosso - o tipo de coisa que só acontece em pesadelos. Minha cabeça se encheu de estilhaços de vidro e pedaços cortantes de metal. De repente começamos a girar no meio da rua como se estivéssemos em um carrosel diabólico.
(...)
Eu vi tudo isso acontecer como se fosse em câmera lenta: os pedaços de vidro preenchendo o ar como uma chuva de prata, o metal rasgando, o fluxo de sangue que esguichou dos lábios de Aidan e o ar de surpresa em seus olhos. Não sabia que ele estava morrendo. Nunca poderia imaginar que em menos de vinte minutos ele estaria morto. Só me passou pela cabeça que ele iria ficar revoltadíssimo com o imbecil que, vindo em nossa direção rápido demais, acertara a lateral do nosso táxi.
(...)
Aidan e eu olhamos um para o outro com cara de "dá pra acreditar que aconteceu uma coisa dessas?", e logo em seguida ele perguntou:
- Baby, você está bem?
- Estou, você também está?
- Tô... - Mas sua voz saiu esquisita, como um gargarejo.
Na frente do seu peito, empapando a camisa e a gravata, havia uma mancha de sangue vermelho-escuro, e aquilo me deixou aflita, porque aquela gravata era uma das quais ele mais gostava.
- Não se preocupe com a gravata - eu me apressei em dizer. - Depois eu lhe compro outra igual.
- Você está sentindo alguma dor? - ele quis saber.
- Não. - Na hora eu não senti nada mesmo. É o velho estado de choque, o grande protetor que nos ajuda a enfrentar o insuportável. - E você?
- Um pouco. - Foi quando eu soube que era muito.
(Marian Keyes)
(...)
Eu vi tudo isso acontecer como se fosse em câmera lenta: os pedaços de vidro preenchendo o ar como uma chuva de prata, o metal rasgando, o fluxo de sangue que esguichou dos lábios de Aidan e o ar de surpresa em seus olhos. Não sabia que ele estava morrendo. Nunca poderia imaginar que em menos de vinte minutos ele estaria morto. Só me passou pela cabeça que ele iria ficar revoltadíssimo com o imbecil que, vindo em nossa direção rápido demais, acertara a lateral do nosso táxi.
(...)
Aidan e eu olhamos um para o outro com cara de "dá pra acreditar que aconteceu uma coisa dessas?", e logo em seguida ele perguntou:
- Baby, você está bem?
- Estou, você também está?
- Tô... - Mas sua voz saiu esquisita, como um gargarejo.
Na frente do seu peito, empapando a camisa e a gravata, havia uma mancha de sangue vermelho-escuro, e aquilo me deixou aflita, porque aquela gravata era uma das quais ele mais gostava.
- Não se preocupe com a gravata - eu me apressei em dizer. - Depois eu lhe compro outra igual.
- Você está sentindo alguma dor? - ele quis saber.
- Não. - Na hora eu não senti nada mesmo. É o velho estado de choque, o grande protetor que nos ajuda a enfrentar o insuportável. - E você?
- Um pouco. - Foi quando eu soube que era muito.
(Marian Keyes)
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
The ones that made me cry
Ross: Rach, come on, look, I know how you must feel.
Rachel: No, you don't, Ross. Imagine the worst things you think about yourself. Now, how would you feel if the one person that you trusted the most in the world not only thinks them too, but actually uses them as reasons not to be with you.
Ross: No, but, but I wanna be with you in spite of all those things.
Rachel: Oh, well, that's, that's mighty big of you, Ross.
Ross: You know what? You know what? If, things were the other way around, there's nothing you could put on a list that would ever make me not want to be with you.
Rachel: Well, then, I guess that's the difference between us. See, I'd never make a list.
*******
Ross: Look, there’s got to be a way we can work past this. I can’t imagine my life without you. Without, without these arms, and your face, and this heart. Your good heart Rach, and, and....
Rachel: No. I can’t, you’re a totally different person to me now. I used to think of you as somebody that would never, ever hurt me, ever. God, and now I just can’t stop picturing with her, I can’t, it doesn’t matter what you say, or what you do, Ross. It’s just changed everything. Forever.
Rachel: No, you don't, Ross. Imagine the worst things you think about yourself. Now, how would you feel if the one person that you trusted the most in the world not only thinks them too, but actually uses them as reasons not to be with you.
Ross: No, but, but I wanna be with you in spite of all those things.
Rachel: Oh, well, that's, that's mighty big of you, Ross.
Ross: You know what? You know what? If, things were the other way around, there's nothing you could put on a list that would ever make me not want to be with you.
Rachel: Well, then, I guess that's the difference between us. See, I'd never make a list.
*******
Ross: Look, there’s got to be a way we can work past this. I can’t imagine my life without you. Without, without these arms, and your face, and this heart. Your good heart Rach, and, and....
Rachel: No. I can’t, you’re a totally different person to me now. I used to think of you as somebody that would never, ever hurt me, ever. God, and now I just can’t stop picturing with her, I can’t, it doesn’t matter what you say, or what you do, Ross. It’s just changed everything. Forever.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Chandler and Monica
Eu sei que sou difícil, que sou mandona, chorona e meu humor só é bom de vez em quando. Mas ele sabe lidar com tudo isso, faz de mim uma pessoa melhor, cuida das minhas manias e aceita os meus defeitos sem deixá-los interferir no amor que sente por mim. Não sei como é possível, mas ele até faz essas características não parecerem ruins...
É isso que faz de nós um casal tão unido, tão amigo. É com ele que eu choro, que eu desabafo minhas frustrações, que eu exponho meus sentimentos, desejos, alegrias. E quando meu humor muda de repente, é só ele me olhar para saber o motivo. Quando estamos entre outras pessoas, ele me olha de longe como quem quer dizer que preferia estar sozinho comigo.
Ele comemora comigo quando uma calça fica larga, quando eu consigo vestir as que não me serviam mais, quando eu termino mais um semestre sacrificante na faculdade, quando eu bato metas no meu trabalho. Comemoramos cada pedacinho pronto da nossa casa e ele deixa a decisão dos detalhes da festa comigo.
Um dia ainda vão inventar uma palavra pra traduzir tudo isso.
Amor é muito pouco.

É isso que faz de nós um casal tão unido, tão amigo. É com ele que eu choro, que eu desabafo minhas frustrações, que eu exponho meus sentimentos, desejos, alegrias. E quando meu humor muda de repente, é só ele me olhar para saber o motivo. Quando estamos entre outras pessoas, ele me olha de longe como quem quer dizer que preferia estar sozinho comigo.
Ele comemora comigo quando uma calça fica larga, quando eu consigo vestir as que não me serviam mais, quando eu termino mais um semestre sacrificante na faculdade, quando eu bato metas no meu trabalho. Comemoramos cada pedacinho pronto da nossa casa e ele deixa a decisão dos detalhes da festa comigo.
Um dia ainda vão inventar uma palavra pra traduzir tudo isso.
Amor é muito pouco.

"I’m sorry. You’re not easy-going, but you’re passionate, and that’s good. And when you get upset about the little things, I think that I’m pretty good about making you feel better about that. And that’s good too. So, they can say that you’re high maintenance, but it’s okay, because I like … maintaining you."
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
contagem regressiva.

Faz 880 dias que fomos naquele café e decidimos que ficaríamos juntos, independente da diferença de idade, de trabalharmos no mesmo lugar, de você ser meu professor e eu não conseguir render na aula porque você me desconcentrava.
Falta 365 dias pra gente contar pra todo mundo que a gente conhece, e na frente de um juiz, a nossa decisão de ficar junto pra sempre. Se esses últimos dois anos e meio passaram tão rápido, como vai ser o próximo ano?
**
Para 2011, eu só quero que passe rápido pra eu dividir seu sobrenome logo, e devagar o suficiente pra conseguirmos decidir tudo que ainda falta da nossa festa e da nossa casa. Quero ânimo para trabalharmos muito e conseguirmos pagar tudo isso. Quero paciência para aguentar o último ano de faculdade. Quero força para me livrar dos trocentos quilos a mais que me incomodam, para casar linda e ser saudável para termos nosso bebezinho.
Mais do que qualquer coisa, quero continuar te amando mais todos os dias. Quero continuar sendo tão feliz que nem sei explicar. Quero continuar vendo a felicidade nos seus olhos todos os dias. Quero continuar indo lá na nossa construção e ficar com os olhos cheios d'água de um sentimento que eu não sei dizer qual é.
Quero continuar vivendo essa vida que a gente criou pra gente, em paz.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
aniversários incendiários
Novembro do ano passado, aniversário da minha mãe, acordamos com uma viatura na porta dizendo que a loja dos meus pais pegou fogo. Perdemos quase tudo. Um dia dramático. O pior de todos, até hoje.
Aí essa semana, aniversário do namorido, tivemos um pequeno incêndio no banheiro. A fiação do chuveiro pegou fogo, gritei o namorido e se ele não tivesse mantido a calma, eu tinha me jogado da escada. ele apagou o fogo e passamos os 200 segundos mais tensos da história. Descobri que não sei onde fica o extintor do carro nem como desligar os disjuntores da casa.
Agora já aprendi.
Aí essa semana, aniversário do namorido, tivemos um pequeno incêndio no banheiro. A fiação do chuveiro pegou fogo, gritei o namorido e se ele não tivesse mantido a calma, eu tinha me jogado da escada. ele apagou o fogo e passamos os 200 segundos mais tensos da história. Descobri que não sei onde fica o extintor do carro nem como desligar os disjuntores da casa.
Agora já aprendi.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
His birthday
O namorido faz aniversário essa semana, mas ele não liga muito pra essas datas, não. Como não adianta fazer um post desejando feliz aniversário e dizendo que eu o amo muito (porque ele tá cansado de saber disso), tava aqui pensando nas vantagens de ter um namorido 13 anos mais velho.
Fiz até uma listinha.
- Como não basta só ter a carteira de motorista, ele SABE dirigir. Sabe MESMO. Não tem nada melhor do que você confiar no motorista para fazer viagens tranquilas. E se acontecer qualquer coisa no trânsito, batida, pneu furado, acidente na pista, aquaplanagem... ele vai saber o que fazer, já que dirige há bastante tempo (e isso me isenta da responsabilidade de aprender, claro).
- Ele tem uma vida acadêmica estável. Já estudou tudo o que precisava estudar, então não precisamos pagar duas falcudades e esperar os dois se formarem para poder casar, por exemplo.
- Ele já tem uma profissão, o que significa estabilidade. Eu trabalho há poucos anos, e só esse ano encontrei o que eu realmente queria fazer da vida, então podemos contar com a estabilidade dele para fazer mil dívidas, porque se eu mudar de ideia (adolescentes podem mudar de ideia, claro), ele segura as pontas.
- Ele me explica TUDO que eu não entendo. Os filmes complicados, as regras de trânsito, as negociações do futebol, as guerras mundiais, como funciona a cabeça do ser humano, Darwin, e por aí vai. Mas acho que isso é porque ele é muito mais inteligente do que eu, e não por conta da idade...
- Ele cresceu em um tempo diferente do que eu, sem internet e tal, então me conta como era ser criança de verdade, já que eu nunca soube direito. Me ensina sobre as plantas e os bichinhos, que eu nunca tive muito contato, porque nem quintal eu tinha em casa. Me conta como era estudar em uma escola pública de qualidade, como foi ver na televisão a queda do muro de Berlim e os resultados das últimas copa do mundo.
Na prática, nossa diferença de idade passa muito despercebida. Às vezes eu sinto que eu sou 13 anos mais velha, principalmente quando peço para ele baixar o volume do video game que eu quero dormir (às 20h de um sábado).
Independente de qualquer coisa, eu o admiro muito por tudo que ele era antes de eu chegar e por tudo que ele é comigo agora. Divergimos em muita coisa, mas eu aproveito a oportunidade do aniversário pra dizer Parabéns, por ser tudo que eu sempre quis.
Fiz até uma listinha.
- Como não basta só ter a carteira de motorista, ele SABE dirigir. Sabe MESMO. Não tem nada melhor do que você confiar no motorista para fazer viagens tranquilas. E se acontecer qualquer coisa no trânsito, batida, pneu furado, acidente na pista, aquaplanagem... ele vai saber o que fazer, já que dirige há bastante tempo (e isso me isenta da responsabilidade de aprender, claro).
- Ele tem uma vida acadêmica estável. Já estudou tudo o que precisava estudar, então não precisamos pagar duas falcudades e esperar os dois se formarem para poder casar, por exemplo.
- Ele já tem uma profissão, o que significa estabilidade. Eu trabalho há poucos anos, e só esse ano encontrei o que eu realmente queria fazer da vida, então podemos contar com a estabilidade dele para fazer mil dívidas, porque se eu mudar de ideia (adolescentes podem mudar de ideia, claro), ele segura as pontas.
- Ele me explica TUDO que eu não entendo. Os filmes complicados, as regras de trânsito, as negociações do futebol, as guerras mundiais, como funciona a cabeça do ser humano, Darwin, e por aí vai. Mas acho que isso é porque ele é muito mais inteligente do que eu, e não por conta da idade...
- Ele cresceu em um tempo diferente do que eu, sem internet e tal, então me conta como era ser criança de verdade, já que eu nunca soube direito. Me ensina sobre as plantas e os bichinhos, que eu nunca tive muito contato, porque nem quintal eu tinha em casa. Me conta como era estudar em uma escola pública de qualidade, como foi ver na televisão a queda do muro de Berlim e os resultados das últimas copa do mundo.
Na prática, nossa diferença de idade passa muito despercebida. Às vezes eu sinto que eu sou 13 anos mais velha, principalmente quando peço para ele baixar o volume do video game que eu quero dormir (às 20h de um sábado).
Independente de qualquer coisa, eu o admiro muito por tudo que ele era antes de eu chegar e por tudo que ele é comigo agora. Divergimos em muita coisa, mas eu aproveito a oportunidade do aniversário pra dizer Parabéns, por ser tudo que eu sempre quis.
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